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   "Não se pode fazer da alimentação uma psicose ou o apocalipse", disse Fernando Bernardo, acrescentando que os riscos existem em "situações extremas", como alergias.

   O diretor-geral de Alimentação e Veterinária rejeitou hoje que

haja perigo para a saúde pública pelos problemas encontrados na

carne picada para hambúrgueres vendida em talhos de Lisboa e

Porto num estudo da associação de defesa do consumidor Deco.

 

   Em declarações à Lusa à margem de uma audição na Comissão

Parlamentar de Agricultura e Mar, Fernando Bernardo, afirmou que

das conclusões do estudo só se pode tirar "algum risco para a

saúde humana", mas em situações individuais, como as pessoas

que são alérgicas aos sulfitos usados irregularmente para a carne

parecer mais fresca.

   No estudo da Deco apresentado em final de janeiro, foi

encontrada em 25 talhos de Lisboa e Porto carne picada vendida para hambúrgueres conservada a temperaturas mais alta que o permitido, bactérias nocivas para a saúde como a "salmonella", e presença irregular e não declarada de sulfitos.

 

   Perante os deputados da comissão, o responsável defendeu que é aos operadores económicos que compete ter a "responsabilidade social e civil" de vender um produto que não apresenta riscos para a saúde e cumpre as normas de apresentação e manuseamento definidas na legislação.

   Aos produtores e comerciantes de carne compete "afirmarem uma capacidade de se auto-regularem" para que se possa criar "um clima de confiança entre quem vende e quem compra", defendeu.

   Fernando Bernardo disse à Lusa que não compete às autoridades, como a sua direção-geral ou a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, "responsabilizar-se pela segurança dos géneros alimentícios", porque são "os operadores económicos que têm que pôr no mercado produtos seguros".

Na audição, o diretor-geral considerou que proibir a venda de carne picada, como tem defendido a Deco, "não será possível", uma vez isso implicaria uma "exceção para Portugal que não é compaginável com o mercado único europeu".

   Fernando Bernardo afirmou que o estudo mais recente e o "impacto de notícias alarmistas" sobre as suas conclusões "é cada vez menor" junto dos consumidores, até porque "não há vítimas e não é possível demonstrar que isto é um problema".

   "Não se pode fazer da alimentação uma psicose ou o apocalipse", declarou, afirmando que os riscos que podem colocar as irregularidades encontradas pela Deco são "situações extremas" e a regulamentação não é feita em função delas.

   Quanto à fiscalização, com um número de talhos que variará entre 6.500 e 11.000 em todo o país, "não se pode pôr um polícia atrás de cada operador", tornando-se "praticamente impossível a fiscalização sistemática todos os anos".

   A entidade que dirige "não faz fiscalização, faz controlo oficial" e define "o quadro regulamentar" e as características da carne vendida, como deve ser manipulada e que regras de rotulagem tem que cumprir.

Comentário:

   Os alimentos que consumimos normalmente contêm diversos microrganismos, resultantes da matéria-prima ou da sua introdução no seu processamento. Sendo assim as principais fontes de contaminação o solo, água, ar, animal homem e os utensílios ou superfícies em contato.

 

Os meios que podem levar ao desenvolvimento de microrganismos são, por exemplo:

  • Manipulação inadequada,

  • Má utilização da temperatura de preparo

  • Conservação dos alimentos,

  • Contaminação cruzada,

  • Higiene pessoal imperfeita,

  • Limpeza inadequada dos equipamentos e utensílios

  • Contato com manipuladores infetados com o alimento pronto para consumo. 

  • (...)

   

   Neste caso estaremos a falar de um uso excessivo da temperatura, ou seja, a carne picada, vendida para hambúrgueres, era conservada a temperaturas mais altas que o permitido. De entre as bactérias nocivas para a saúde podemos salientar a salmonela, falada na notícia acima.

   

Depois de uma pesquisa: 

 

   A salmonela, após ser ingerida pelo hospedeiro, passa pelo estômago, se multiplicam, aderindo-se e penetrando nas células epiteliais da região ileocecal. Migram para a lâmina própria levando à resposta inflamatória mediada por liberação de prostaglandinas, que estimulam o AMP cíclico produzindo secreção ativa de fluidos, que resulta em diarreia, ligando-se por meio de fímbrias específicas da espécie às células M. A bactéria introduz Sips ou SSps que levam a um rearranjo do citoesqueleto da célula M. Deste modo, a bactéria é envolvida por um fagossoma, induzindo a morte da célula hospedeira, e se dissemina para os tecidos adjacentes, explicando assim, a infeção do trato gastrintestinal.

   Assim, perante isto é importante afirmar que os manipuladores de alimentos são uma das vias que mais se destaca na contaminação dos alimentos. Controlar a saúde dos manipuladores de alimentos, estabelecer procedimentos operacionais padronizados e criar boas práticas de fabricação, certamente irão contribuir positivamente para melhoria da qualidade e da segurança alimentar, na referente manipulação de alimentos. Além da manipulação dos alimentos, devem ser motivos de preocupação as condições ambientais, o controle de pragas, as condições de utensílios e equipamentos, a procedência das matérias-primas utilizadas e o controle de qualidade no ponto de venda, entre outros.

Fontes

Diretor-geral da Alimentação rejeita perigo da carne picada nos talhos

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